PROCEDIMENTOS DE
LEITURA
Neste tópico, são abordadas
competências básicas que serão demonstradas por meio de habilidades como,
localizar informações explícitas e inferir as implícitas em um texto. As
informações implícitas exigem maior habilidade para que possam ser inferidas, visto
exigirem do leitor que extrapole o texto e reconheça o que não está
textualmente registrado e sim subentendido ou pressuposto.
Os textos nem sempre apresentam
uma linguagem literal. Deve haver, então, a capacidade de reconhecer novos
sentidos atribuídos às palavras dentro de uma produção textual. Além disso,
para a compreensão do que é conotativo e simbólico, é preciso identificar não
apenas a ideia, mas também ler as entrelinhas, o que exige do leitor um
conhecimento de mundo. A tarefa do leitor competente é, portanto, apreender o
sentido global do texto.
É relevante ressaltar que, além
de localizar informações explícitas, inferir informações implícitas e
identificar o tema de um texto, nesse tópico, deve-se também distinguir os
fatos apresentados da opinião formada acerca desses fatos em textos narrativos
e argumentativos. Reconhecer essa diferença é essencial para que o aluno possa
tornar-se mais crítico, de modo a ser capaz de distinguir o que é um fato, um
acontecimento, da interpretação que lhe é dada pelo autor do texto.
Descritores relacionados a este tópico.
D1 – Localizar
informações explícitas em um texto.
A habilidade que pode ser
avaliada por este descritor, relaciona-se à localização pelo aluno de uma
informação solicitada, que pode estar expressa literalmente no texto ou pode
vir manifesta por meio de uma paráfrase, isto é, dizer de outra maneira o que
se leu.
Essa habilidade é avaliada por
meio de um texto-base que dá suporte ao item, no qual o aluno é orientado a
localizar as informações solicitadas seguindo as pistas fornecidas pelo próprio
texto. Para chegar à resposta correta, o aluno deve ser capaz de
Retomar o texto, localizando,
dentre outras informações, aquela que foi solicitada. Por exemplo, os itens
relacionados a esse descritor perguntam diretamente a localização da
informação, complementando o que é pedido no enunciado ou relacionando o que é
solicitado no enunciado, com a informação no texto.
O disfarce
dos bichos
Você já tentou pegar um
galhinho seco e ele virou bicho, abriu asas e voou? Se isso aconteceu é porque
o graveto era um inseto conhecido como "bicho-pau". Ele é tão
parecido com o galhinho, que pode ser confundido com o graveto. Existem
lagartas que se parecem com raminhos de plantas. E há grilos que imitam folhas.
Muitos animais ficam com a cor e a forma dos lugares em que estão. Eles fazem
isso para se defender dos inimigos ou capturar outros bichos que servem de
alimento. Esses truques são chamados de mimetismo, isto é, imitação. O
cientista inglês Henry Walter Bates foi quem descobriu o mimetismo. Ele passou
11 anos na selva amazônica estudando os animais.
MAVIAEL MONTEIRO,
JOSÉ. Bichos que usam disfarces para defesa. Folhinha, 6 nov. 1993.
O bicho-pau se parece com:
(A) florzinha seca. (B)
folhinha verde. (C) galhinho seco. (D)
raminho de planta.
D3 – Inferir o sentido de uma
palavra ou expressão.
Por meio deste descritor,
pode-se avaliar a habilidade de o aluno relacionar informações, inferindo
quanto ao sentido de uma palavra ou expressão no texto, ou seja, dando a
determinadas palavras seu sentido conotativo.
Inferir significa realizar um
raciocínio com base em informações já conhecidas, a fim de se chegar a
informações novas, que não estejam explicitamente marcadas no texto. Com este
descritor, pretende-se verificar se o leitor é capaz de inferir um significado
para uma palavra ou expressão que ele desconhece.
Essa habilidade é avaliada por
meio de um texto no qual o aluno, ao inferir o sentido da palavra ou expressão,
seleciona informações também presentes na superfície textual e estabelece
relações entre essas informações e seus conhecimentos prévios. Por exemplo,
dá-se uma expressão ou uma palavra do texto e pergunta-se que sentido ela
adquire.
Exemplo de item do descritor
D3:
Bula de remédio
VITAMIN
COMPRIMIDOS
Embalagens com 50
comprimidos
COMPOSIÇÃO
Sulfato ferroso
.................... 400 mg
Vitamina B1
........................ 280 mg
Vitamina A1
........................ 280 mg
Ácido fólico
......................... 0,2 mg
Cálcio F
.............................. 150 mg
INFORMAÇÕES AO PACIENTE
O produto, quando conservado em
locais frescos e bem ventilados, tem validade de 12 meses.
É conveniente que o médico seja
avisado de qualquer efeito colateral.
INDICAÇÕES
No tratamento das anemias.
CONTRA-INDICAÇÕES
Não deve ser tomado durante a
gravidez.
EFEITOS COLATERAIS
Pode causar vômito e tontura em
pacientes sensíveis ao ácido fólico da fórmula.
POSOLOGIA
Adultos: um comprimido duas
vezes ao dia. Crianças: um comprimido uma vez ao dia.
LABORATÓRIO INFARMA
S.A. Responsável - Dr. R. Dias
Fonseca
CÓCCO, Maria Fernandes; HAILER, Marco Antônio. Alp Novo:
análise, linguagem e pensamento. São Paulo: FTD, 1999. v. 2. p. 184.
No
texto, a palavra COMPOSIÇÃO indica:
(A)
as situações contraindicadas do remédio.
(B)
as vitaminas que fazem falta ao homem.
(C)
os elementos que formam o remédio.
(D)
os produtos que causam anemias.
D4 – Inferir
uma informação implícita em um texto.
As informações implícitas no texto são aquelas que
não estão presentes claramente na base textual, mas podem ser construídas pelo
leitor por meio da realização de inferências que as marcas do texto permitem. Além
das informações explicitamente enunciadas, há outras que podem ser pressupostas
e, consequentemente, inferidas pelo leitor.
Por meio deste descritor,
pode-se avaliar a habilidade de o aluno reconhecer uma idéia implícita no
texto, seja por meio da identificação de sentimentos que dominam as ações
externas dos personagens, em um nível básico, seja com base na identificação do
gênero textual e na transposição do que seja real para o imaginário. É
importante que o aluno apreenda o texto como um todo, para dele retirar as
informações solicitadas.
Essa habilidade é avaliada por
meio de um texto, no qual o aluno deve buscar informações que vão além do que
está explícito, mas que à medida que ele vá atribuindo sentido ao que está
enunciado no texto, ele vá deduzindo o que lhe foi solicitado. Ao realizar esse
movimento, são estabelecidas de relações entre o texto e o seu contexto
pessoal. Por exemplo, solicita-se que o aluno identifique o sentido da ação dos
personagens ou o que determinado fato desperte nos personagens, entre outras
coisas.
Exemplo de item do descritor D4:
O passageiro vai iniciar a
viagem:
(A) à noite.
(B) à tarde.
(C) de madrugada.
(D) pela manhã.
D6 –
Identificar o tema de um texto.
O tema é o eixo sobre o qual o
texto se estrutura. A percepção do tema responde a uma questão essencial para a
leitura: “O texto trata de quê?” Em muitos textos, o tema não vem
explicitamente marcado, mas deve ser percebido pelo leitor quando identifica a
função dos recursos utilizados, como o uso de figuras de linguagem, de
exemplos, de uma determinada organização argumentativa, entre outros
A habilidade que pode ser
avaliada por meio deste descritor refere-se ao reconhecimento pelo aluno do
assunto principal do texto, ou seja, à diferença do que trata o texto. Para que
o aluno identifique o tema, é necessário que relacione as diferentes
informações para construir o sentido global do texto.
Essa habilidade é avaliada por
meio de um texto para o qual é solicitado, de forma direta, que o aluno
identifique o tema ou o assunto principal do texto.
Exemplo de
item do descritor D6:
Chapeuzinho Amarelo
Era a
Chapeuzinho amarelo Amarelada de medo.
Tinha
medo de tudo, aquela Chapeuzinho.
5 Já não ria.
Em
festa não aparecia.
Não subia escada nem descia.
Não
estava resfriada, mas tossia.
10 Ouvia conto de fada e estremecia.
Não brincava mais de nada,
nem
amarelinha.
Tinha medo de trovão.
Minhoca, pra ela, era cobra.
15 E nunca apanhava sol,
porque tinha medo de sombra.
Não
ia pra fora pra não se sujar.
Não
tomava banho pra não descolar.
Não
falava nada pra não engasgar.
20 Não ficava em pé com medo de cair.
Então vivia parada,
Deitada, mas sem dormir,
Com
medo de pesadelo.
HOLLANDA, Chico
Buarque de. In: Literatura comentada. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
O texto trata de uma menina que
(A) brincava de amarelinha.
(B) gostava de festas.
(C) subia e descia escadas.
(D) tinha medo de tudo.
11 –
Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.
O leitor deve ser capaz de
perceber a diferença entre o que é fato
narrado ou discutido e o que é opinião sobre ele. Essa diferença pode
ser ou bem marcada no texto ou exigir do leitor que ele perceba essa diferença
integrando informações de diversas partes do texto e/ou inferindo-as, o que
tornaria a tarefa mais difícil.
Por meio deste descritor
pode-se avaliar a habilidade de o aluno identificar, no texto, um fato relatado
e diferenciá-lo do comentário que o autor, ou o narrador, ou o personagem fazem
sobre esse fato.
Essa habilidade é avaliada por
meio de um texto, no qual o aluno é solicitado a distinguir partes do texto que
são referentes a um fato e partes que se referem a uma opinião relacionada ao
fato apresentado, expressa pelo autor, narrador ou por algum outro personagem.
Há itens que solicitam, por exemplo, que o aluno identifique um trecho que
expresse um fato ou uma opinião, ou então, dá-se a expressão e pede-se que ele
reconheça se é um fato ou uma opinião.
Exemplo de
item do descritor D11:
A raposa e as uvas
Num dia quente de verão, a
raposa passeava por um pomar. Com sede e calor, sua atenção foi capturada por
um cacho de uvas. “Que delícia”, pensou
a raposa, “era disso que eu precisava para adoçar a minha boca”. E, de um salto,
a raposa tentou, sem sucesso, alcançar as uvas.
Exausta e frustrada, a raposa afastou-se da videira, dizendo: “Aposto
que estas uvas estão verdes.” Esta
fábula ensina que algumas pessoas quando não conseguem o que querem, culpam as
circunstâncias.
(http://www1.uol.com.br/crianca/fabulas/noflash/raposa.
htm)
A frase que expressa uma
opinião é:
(A) "a raposa passeava por
um pomar." (l. 1)
(B) “sua atenção foi capturada
por um cacho de uvas." (l. 2)
(C) "a raposa afastou-se
da videira" (l. 5)
(D) "Aposto que estas
uvas estão verdes" (l. 5-6)
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